miércoles, 8 de noviembre de 2017

Egberto Gismonti & Nana Vasconcelos - 1977 - Dança das cabeças



Egberto Gismonti & Nana Vasconcelos - 1977 - Dança das cabeças


Es el primer álbum de Egberto Gismonti con el sello ECM, grabado en 1976 y que significó el despegue internacional tanto de Gismonti como de Nana Vasconcelos, quien lo acompaña como percusionista.

Historia

En 1974, aceptó una invitación para tocar en un festival en Berlín, Alemania, y pidió a Hermeto Pascoal y Naná Vasconcelos reunirse con él en su presentación. Volviendo a Brasil, recibió una carta de ECM en 1975, invitándole a grabar con ellos. Al no saber cuál sería la importancia futura de esta invitación, aplazó la respuesta hasta el final de 1976, para luego aceptarla, imaginando que podría grabar con el grupo brasileño con quien tocaba por entonces: el baterista y percusionista Robertinho Silva, el bajista Luis Alves, y el saxofonista y flautista Nivaldo Ornelas. Sin embargo la dictadura militar brasileña impuso precios excesivamente altos para salir del país, por lo que finalmente viajó a grabar solo. De esta manera Gismonti viajaba a Noruega para comenzar lo que sería la explosión de su carrera internacional.

Una vez en Noruega se reunió con Naná Vasconcelos a quien le explicó el concepto del disco. Se trataba de la historia de dos chicos vagando a través de un denso y húmedo bosque tropical, lleno de insectos y animales, manteniendo una distancia de 180 metros el uno del otro. Sabía que Vasconcelos aceptaría sin dudarlo, y lo hizo. Su primer álbum con ECM titulado Dança das cabeças (1976), recibió variados reconocimientos internacionales, fue nominado a álbum del año por Stereo Review y recibió el premio Großer Deutscher Schallplattenpreis, a la vez que recibió contradictorias categorizaciones que reflejan la riqueza cultural de Brasil y su incomprensión: en Inglaterra, fue concedida como pop; en los Estados Unidos, como folclore; y en Alemania, como música clásica. De cualquier manera, la vida de ambos artistas cambió: Vasconcelos se convirtió inmediatamente en un requerido artista internacional, de gira por todo el mundo, y Gismonti regresó a Brasil, decidido a la investigación de la música de los indígenas del Amazonas.

Créditos

Egberto Gismonti - guitarra de 8 cuerdas, guitarra, piano, flauta y voces
Nana Vasconcelos - percusión, berimbau & voces

Grabación : Noruega, 1976
Duración : 49:51
Sello : ECM


Não foi fácil para um puto de 14 ou 15 anos gostar de ouvir Dança das Cabeças, de Egberto Gismonti, quando todos os seus amigos ouviam Talking Heads, Echo & The Bunnymen ou bandas  e artistas afins. Esse puto era eu, lá pelos fins dos 70 e início dos 80. Na verdade, também ouvia e gostava muito das bandas referidas, mas qualquer coisa havia na minha cabeça e nos meus ouvidos que me aproximava do som dos pianos, das flautas de madeira, das guitarras de oito cordas de Gismonti, bem como da percussão e do berimbau de Naná Vasconcelos. Era quase trágico fazer-lhes ver a galopante beleza desse disco, e por isso todos os meus amigos olhavam com imensa desconfiança para muitas das minhas descobertas sonoras, que em nada preenchiam os desejos pop desse meu bando de parceiros de tardes inteiras a escutar o que conseguíamos ir arranjando para ouvir. No entanto, e com o passar dos anos, pude perceber que a qualidade acaba sempre, inevitavelmente, por vingar, e que eu tinha razão em sentir-me orgulhoso dos meus gostos musicais. De nada me serve (ou serviu), obviamente, esse autoapreço. Nem eu queria que servisse (ou que sirva), mas repito a ideia inicial: é lixado um puto gostar de algo, quando toda a sua gente anda encantada com universos sonoros tão distantes dos seus.

Serve o parágrafo inicial para apresentar o disco de hoje, aqui no Altamont. Trata-se, como ficou entendido, de Dança das Cabeças, trabalho saído em 1977, dado ao mundo pela ECM Records, e protagonizado pela dupla também já acima referida. Segundo consta, a união dos dois músicos aconteceu fortuitamente, uma vez que Gismonti, estando na Noruega para a gravação do LP, conheceu, por mera sorte, o parceiro com quem viria a trabalhar, não só nesse mas em muitos outros projetos. Consta ainda, que em primeiras conversas exploratórias entre os dois músicos, Naná Vasconcelos terá pedido a Egberto Gismonti para que este lhe descrevesse o tipo de disco que pretendia fazer, tendo obtido, como resposta, que desejava musicar uma história de dois rapazes vagueando por uma densa floresta húmida, cheia de insetos e outros animais, embora separados um do outro. Perante a resposta dada, o acordo entre ambos terá sido imediato, e ainda bem.

O disco divide-se em duas partes, a primeira com 25.15 minutos de tempo, e a segunda ligeiramente mais curta (24.30). Na primeira metade há 6 momentos distintos (“Quarto Mundo # 1”; “Dança das Cabeças”; “Águas Luminosas”; “Celebração de Núpcias”; “Porta Encantada” e “Quarto Mundo # 2”), sendo que esses instantes nunca se dividem de facto, antes edificam em contínuo uma unidade sonora vasta e abrangente, cambiando harmonias de enorme beleza, com diferentes geografias sonoras, por vezes dissonantemente apropriadas e esteticamente deleitosas. Esses labirintos sonoros, chamemos-lhes assim, transportam-se para a segunda fatia do disco, a que correspondem as composições “Tango”, “Bambuzal” e “Dança Solitária”. Aqui, nesta segunda parte do projeto, o piano de Gismonti ganha alguma preponderância, e é inevitável não nos lembrarmos de Chick Corea, por exemplo. Um pouco mais nostálgico que o anterior, este segundo lado de Dança das Cabeças é um magnífico momento de claridade musical. A luz que dele se solta ilumina qualquer solidão, qualquer vazio de alma.

Ainda hoje, tantos anos passados sobre a primeira audição do disco de Gismonti, julgo não me enganar muito ao afirmar tratar-se de um dos seus mais conseguidos trabalhos, e sobretudo um dos seus mais genuínos e verdadeiros esforços musicais. E se, por força da leitura deste texto, quiser começar a conhecer a prodigiosa obra de Egberto Gismonti, comece por aqui, e depois derive para Circense (que tem “Palhaço”, uma das suas melhores composições de sempre), Infância e Mágico. Verá que, depois de ouvidos esses quatro discos, será difícil deixar de querer conhecer muitos dos outros trabalhos desse grande nome da música  popular brasileira, que não passa (nem passará) nas rádios que ditam as modas dos tempos.

+ info :

Egberto Gismonti (arreglos)
Manfred Eicher (producción)
LP (1977) / CD (--)

Temas

01. Dança das cabeças - Part I [25:23]

- Quarto mundo #1
- Dança das cabeças
- Aguas luminosas (D. Bressane)
- Celebração de núpcias
- Porta encantada
- Quarto mundo #2

02. Dança das cabeças - Part II [24:32]

- Tango (Egberto Gismonti/Geraldo Carneiro)
- Bambuzal
- Fé cega faca amolada (Milton Nascimento/Ronaldo Bastos)
- Dança solitária

Autor de todos los temas : Egberto Gismonti, salvo donde se indica

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